Ela se ajeitava, deitada naquele colchão, em frente a um estabelecimento comercial qualquer, e olhava para os lados. Pouco se movia. Pegava algo não identificável e colocava na boca para comer.
O chão estava molhado e as cenas se misturavam ali: uma mulher deitada numa calçada da Avenida dos Expedicionários, ônibus e carros passando, humidade... Ninguém ali perto, senão ela mesma. Era como se não a percebessem, apenas eu, que segurava firme minha mochila e dava um soco de indignação na aste de segurança do ônibus em que eu estava. Uns curiosos olharam para mim, porém não entenderam minha "ação" naquele ônibus vip.
Virei a cara por um momento, mas a imagem ficou retina na consciência. Olhei para as pessoas do ônibus, parado no sinal. Quando comecei a me mover, olhei de relançe e vi aquela mulher pela última vez, na mesma posição deitada, onde parecia nem lutar por sua dignidade engolida pela nossa injusta sociedade.
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*eu te amo driiiiiii... morrendo de saudade de tu!